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quinta-feira, 17 de março de 2011

Para Refletir


Olá Pessoal!

" Adorei esse depoimento de um japonês cadeirante...fiquei muito orgulhosa de ter 'sangue japonês".
dou muito valor a vida e sei que palavras assim...são exemplos para termos mais compreensão,amizade, compaixão e deixar de lado coisas pequenas".

  Bj
  Yo
 

A força de um japa

Fonte: http://assimcomovoce.folha.blog.uol.com.br/arch2011-03-01_2011-03-31.html
BLOG DO JAIRO MARQUES
Nos momentos de catástrofes como essa no país do sol nascente, passa pela cabeça da gente relances de agonia, de situações difíceis ou limites que nós mesmos passamos. É quase inevitável.Um segundo momento costuma ser o do alívio de não estarmos com nossa pele, nem de nossos parentes, vivendo a situação do povo japonês. Acontece que, aqui no Brasil, todo mundo conhece um japa, tem um amigo japa, um parente, um conhecido. Assim, acredito eu, estamos todos perto daquela dor, de alguma maneira.
Eu mesmo tenho vários brothers de olhos puxados. Um deles, em especial, é “malacabado”, cadeirante. Entrou para o time, acreditem, na, agora, penúltima grande tragédia do Japão, o terremoto de Kobe, em 1995.
Com vocês, Sidney Mayeda, 35, o Sidão!
“Ver o que está acontecendo hoje no Japão não me traz lembranças ruins, mas fico triste, chocado e impressionado como todo mundo. Todos me ligaram porque meus pais e irmãos ainda moram lá. Estavam preocupados. Quando eu soube o lugar do epicentro do terremoto, fiquei mais sossegado porque eles estão distantes. Minha mãe mora bem perto da praia, mas está bem. Ela sentiu o tremor, mas estão bem.
Quando aconteceu o terremoto em Kobe, fiquei seis horas soterrado nos escombros. Achei que era o início do fim do mundo, que aquilo não era só no Japão. Achei que o mundo todo estava acabando. Demorei a entender o que tinha acontecido. Eu estava em casa, era de madrugada quando veio tudo abaixo. Na hora, passou um flash da vida na cabeça, todos os momentos, desde a infância. Comecei a me questionar muito: ‘Por que eu estava passando por aquilo?
E fiquei consciente o tempo todo, até ser resgatado. No começo, eu gritava, pedia por socorro, mas a cada minuto que passava, mais eu era pressionado pelo teto da casa.  Depois, percebi que adiantava o desespero. Parei de gritar e comecei a me resguardar. Passei a fazer ruídos com ferro e madeira. Até que fui resgatado por voluntários.”
Grandes fatalidades, infelizmente, levam legiões de pessoas para o mundo paralelo da “Matrix” de quem tem alguma deficiência. É gente sem perna, sem braço, com lesões medulares, estropiados gerais.
Lá no oriente, o abandono a essas pessoas é intolerável. Todo o poderio tecnológico, da medicina e da ciência que eles possuem é usado para melhorar a qualidade de vida desse povo.
“O governo e o povo japonês são sempre muito preocupado com as pessoas. Tive uma ajuda financeira muito boa durante todo o tempo em que estive lá. Por mais que eu fosse estrangeiro, fui tratado igual a um cidadão japonês. Todo ano, os jornais me ligavam para saber como eu estava. Jamais me esqueceram. Mesmo quando voltei para o Brasil, fizeram contato para saber como eu estava. São muito prestativos.
Depois do meu acidente, tive assistência total. Fiquei um ano internado e um ano em um centro de reabilitação - um local parecido com o Sarah, no Brasil. Depois de recuperado, se dispuseram a me dar um trabalho, uma casa nova, mas eu já estava decido a voltar para o Brasil.
A acessibilidade no Japão está em todos os locais. Não tem comparação com o Brasil. A qualidade do atendimento médico é incrível. Parece que todo imposto que se as pessoas pagam é realmente revertido para o povo. Tive toda a tecnologia à disposição da minha reabilitação. Quando voltei para cá, foi um baque a diferença.”
Ao mesmo tempo em que o Japão se rearranjava, o Sidão também se “reformava”, aprendia uma nova forma de levar a vida. O cabra tem o poder. É irrequieto, talentoso ator, pratica artes marciais adaptadas, joga tênis, trabalha na Unilever, que é uma baita multinacional...
“Superei muitas coisas, mudei muito minha forma de pensar a vida, hoje me considero muito mais ativo que no passado e tenho uma preocupação muito maior com o meu próximo. Na época do meu acidente, eu tinha 18 anos. Só pensava em ganhar dinheiro, gastar.
Foi chocante demais encara a minha nova situação. Eu jogava bola, surfava, usava o corpo para tudo. A imperfeição física me preocupava demais. Mas eu tinha consciência de que conseguiria dar o melhor naquilo que eu poderia fazer diante daquela situação...
As outras pessoas com deficiência, que eram ativas na sociedade me deram uma força incrível. Eu me espelhava nelas para evoluir, me reconstruir. Talvez eu não pudesse mais jogar futebol, mas eu poderia ser bom em outros esportes. Me desafiei.
Eu tinha mudado de condição física, mas poderia encontrar algo que me desse felicidade com o físico que eu tinha.
Considero que amadureci demais. Hoje, enxergo a vida de outra forma. Vejo algo de positivo mesmo nas situações mais adversas. Procuro ver o que passei como um teste que uma força maior me impôs.
Dou muito valor a coisas menores hoje. O amanhecer, a brisa, olhar o mar... Isso pra mim tem um significado muito grande.”
É de deixar o cabelo em pé a determinação que o povo japonês tem de se erguer. E vai ser assim, ‘di certeza’ agora também. O revés faz parte da realidade humana, ainda mais quando se trata do incontrolável poder da natureza...
“O governo, o povo japonês são organizado demais. Corrupção quase não existe lá. Ouvi alguns discursos de autoridades do país, agora, depois da tragédia de sexta-feira, e o que se tira dali é um apoio imenso, uma voz pela união. Agora, é um ajudando o outro. É a caridade que fala mais alto. Eles vão se reerguer.
Torço pelo orgulho de ser japonês e não pensar só em si mesmo, mas na nação. Assim é que eles vão se refazendo, vencendo.  Tenho certeza que vão pensar na melhor forma de reconstruir tudo e fazer com que no futuro isso não se repita.”

*Imagens de arquivo pessoal

Um comentário:

  1. Uma família japonesa me adotou, quando casei com um homem muito especial dessa origem, e é com orgulho que temos esse menino como primo, o qual nos ensina a todo momento como é gratificante vencer nossas limitações, sejam elas físicas ou não.

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